Baianos tentam vender espaços na camisa que estatal não permitia
Bahia e Vitória estão entrando no quarto mês de 2019 sem um parceiro sempre presente nos últimos anos: o patrocínio máster da Caixa. No Leão ele vinha desde 2013; no tricolor, começou em 2016.
Para o torcedor, era uma marca já familiar nos uniformes. Para os clubes, a parceria rendia R$ 6 milhões por ano na Série A e R$ 3 milhões se estivessem na segunda divisão – maior acordo de patrocínio que a dupla já teve.
Com a mudança no Governo Federal os acordos com 24 times do país não foram renovados. Claro que os valores fazem falta a Bahia e Vitória, mas os clubes veem a saída como algo positivo.
“A Caixa bloqueava qualquer propriedade que a gente tentasse vender depois de ter assinado com ela. Argumentavam que não queriam outra marca concorrendo com a deles. No Bahia eles tinham o peito da camisa, as costas acima do número e um X no calção. Então ela bloqueava o calção e a barra dianteira da camisa”, explica Lênin Franco, gerente de marketing do tricolor.
Com o Vitória acontecia o mesmo. Segundo o diretor de marketing do Leão, Anderson Nunes, a estratégia para repor a saída tem sido justamente explorar a liberdade que antes não existia.
“A nossa ideia é negociar as propriedades do uniforme que com a Caixa não eram possíveis. O Vitória reduziu os valores unitários para que, com mais espaços sendo vendidos, a gente ganhe em volume e alcance algo próximo do que a Caixa pagava na Série A”, explica Nunes.
“Na frente da camisa, a gente praticamente só podia estampar a Caixa. Agora, enxergamos dois espaços no peito mais a barra dianteira. Então seriam três marcas, fora o ombro. É uma possibilidade, não quer dizer que venderíamos tudo”, completa Nunes.
O Bahia concorda: “Podemos negociar, por exemplo, um máster para o peito e outro para as costas. Como a gente sabe que não deve conseguir R$ 6 milhões na iniciativa privada, a gente pode, fatiando as propriedades, chegar a isso”, diz Franco.
E agora?
Mas o que a dupla alcançou, em três meses, dentro dessa estratégia? Para o máster, nenhum alcançou um novo parceiro. O Leão tem estampado a marca do seu plano de sócios, Sou Mais Vitória. O Bahia, além de ter estampado a marca do seu programa de sócios, tem revezado entre marcas que investiram para outros espaços.
“A gente já esperava a saída da Caixa, então desde junho o Bahia está no mercado em busca de um patrocinador máster. Mas não é algo rápido de fechar, envolve muitos detalhes”, diz Franco.
“Para o máster temos duas ou três possibilidades de negócio, mas percebemos que, por conta da instabilidade política do Vitória, as empresas estão sendo mais conservadoras”, diz Nunes.
Hoje, o Bahia conta com cinco parceiros: Canaã nas mangas, Promédica dentro dos números, Dular nas costas (temporariamente no máster como bonificação), Gujão na barra traseira da camisa e Brahma nas peças publicitárias.
Já o Vitória conta com a MedVida no interior dos números (temporariamente nas mangas como bonificação), Vapt Blue Tintas na barra traseira dos shorts e duas marcas para venda de bebidas no Barradão: ISM e Ambev. O Leão vai estrear contra o Fortaleza uma nova marca para a barra dianteira da camisa: Casa de Apostas.
Com esses parceiros, o Vitória afirma já ter alcançado 60% dos R$ 6 milhões que ganhou da Caixa no ano passado. O Bahia diz já ter superado a meta prevista no orçamento para 2019, de R$ 4 milhões: “E até o final do ano vamos superar também os valores da Caixa. A questão é que as empresas esperam chegar próximo ao Brasileirão para fechar, pois não veem muita visibilidade no início do ano. Você verá isso em todos os clubes”, explica Franco.
A dupla baiana tem outra coisa em comum: estão apostando nos mesmos segmentos para obter patrocínios. “O mercado de sites de aposta e todos os serviços ligados a eles estão com maior evidência neste momento. Temos também os bancos digitais, a exemplo do Inter, que fechou com o São Paulo, e o Flamengo, com o BS2”, disse o rubro-negro Nunes.