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Comandante da FAB defende troca do avião presidencial

Na primeira declaração pública após pane no México, Marcelo Damasceno defendeu que se tenha uma nova aeronave

Avião Presidencial do Brasil é uma aeronave modelo Airbus A319CJ que foi montado em Hamburgo, Alemanha já com a pintura da FAB de VC1A, e batizado oficialmente de Santos-Dumont • Foto: Isac Nóbrega/PR

Após pane sofrida em viagem nesta semana, o comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), tenente-brigadeiro do ar, Marcelo Damasceno, defendeu a troca do avião presidencial.

“Pessoalmente, eu defendo [a troca]. Esse avião completa agora, em 5 de janeiro, 20 anos. Eu era comandante do esquadrão quando recebi o avião. O avião é muito seguro, mas, além disso, ele tem uma autonomia que nos atende em parte. Acho que um país como o nosso, uma potência mundial, entre as 10 economias do mundo, deve ter um avião maior. Que tenha mais autonomia, que tenha mais espaço para levar o mandatário do país.”

O comandante disse ainda que o tamanho e a posição geográfica do Brasil fazem com que haja a necessidade de aviões que possam cruzar o mundo com maior autonomia. O avião com o problema continua no México e deve ter o motor trocado para então voltar ao Brasil, acrescentou.

O atual avião presidencial não tem um sistema que expila combustível no ar. Por isso, teve que ficar voando em órbita.

“Essa categoria de avião não tem alijamento de combustível. Então isso é um item também do nosso checklist: de você voar para queimar combustível, isso numa área segura próxima ao aeroporto pra qualquer emergência pousar.”

As discussões sobre uma possível troca da aeronave presidencial ressurgiram após o avião em que viajava o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e comitiva sofrer pane quando voltava da Cidade do México para Brasília, logo após a decolagem.

O avião teve que voar em torno do aeroporto da Cidade do México por cerca de quatro horas para consumir o querosene e, assim, não pousar tão pesado, com maior segurança.

Ainda não se sabe o que motivou a pane. Uma apuração está em curso. Não se descarta um desprendimento de peça ou que um pássaro tenha atingido o motor do avião, embora não haja uma indicação clara dessa última hipótese, por exemplo, informou o comandante. Até o momento, não foram encontradas marcas de sangue ou penas.

O militar disse que em nenhum momento houve o desligamento de turbina. Ele acrescentou que técnicos, inclusive do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), estão apurando o ocorrido. Ele disse não haver prazo para a conclusão do relatório preliminar.

As declarações do comandante foram dadas nesta quinta-feira (3) no Palácio Itamaraty, onde participou de reunião.

Em nota divulgada à imprensa, após as falas, o comandante disse ainda que a tripulação adotou todas as medidas de segurança recomendadas, “mantendo o controle total da aeronave e da situação”.

Veja a nota na íntegra

Senhoras e senhores, a respeito do incidente ocorrido com a aeronave presidencial VC-1 durante o voo que partiu da Cidade do México, venho, como Comandante da Aeronáutica, prestar os devidos esclarecimentos.

No último voo, como amplamente divulgado, a aeronave experimentou uma anomalia técnica após a decolagem, resultando em alta vibração em uma das turbinas. Conforme os procedimentos operacionais padrões previstos em Lista de Verificações, a tripulação imediatamente adotou todas as medidas de segurança recomendadas, mantendo o controle total da aeronave e da situação.

É fundamental destacar o mais elevado nível de preparo e treinamento das nossas tripulações. O efetivo do Grupo de Transporte Especial, Organização Militar com mais de 70 anos de história conduzindo os que conduzem a nação, passa por uma extensa e rigorosa seleção, que leva em conta, além do seu perfil psicossocial, sua experiência profissional e operacional. Além disso, possuem vasta experiência e são devidamente certificados pelos mais rigorosos critérios internacionais de segurança. Não obstante, são submetidos, ainda assim, a uma rígida rotina de treinamentos, incluindo simuladores de voo e reuniões constantes para troca de experiências. Por isso, após seguirem os protocolos de operação previstos e o necessário gerenciamento de combustível, mantiveram a aeronave em circuito de espera até que esta estivesse em condições de realizar o pouso em segurança.

A Força Aérea Brasileira atua em conformidade com os mais altos padrões, sendo regularmente avaliada por organismos internacionais, como a Organização da Aviação Civil Internacional (OACI). Destaco, a propósito, que, por meio do programa de auditoria de segurança universal realizado por aquele órgão, que monitora constantemente a segurança das atividades aéreas, a FAB recebeu 100% na avaliação global, sendo o Brasil eleito, novamente, para fazer parte do Conselho da OACI, composto pelos 11 países de maior importância no transporte aéreo mundial, dentre os 193 signatários.

Nosso compromisso com a segurança de voo é inegociável e seguimos diretrizes que garantem que qualquer eventual anomalia técnica seja tratada com agilidade e precisão. Dessa forma, uma equipe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) já se encontra no México para extração e análise dos dados deste voo. Enfatizo, ainda, a excelência deste Centro e de seus profissionais, que receberam em 2024 o grau máximo de conformidade com os protocolos internacionais de investigação, em auditoria também realizada pela OACI. Apenas o Brasil e a França atingiram esse grau.

Importante ressaltar que, mesmo diante de uma situação adversa, o permanente preparo e a capacitação da tripulação, assim como o funcionamento dos sistemas da aeronave asseguraram que o pouso fosse realizado de maneira segura, sem riscos à integridade dos que estavam a bordo.

A Força Aérea Brasileira segue inabalável em sua missão constitucional, vigilante em apoio à sociedade brasileira, dentro e fora de nossas fronteiras. Para nós, o homem, a máquina e a missão são indissociáveis e, por isso, buscamos excelência nessa sinergia e repudiamos qualquer juízo de valor que enfraqueça essa tríade. Defendemos as nossas fronteiras, controlamos o nosso espaço aéreo e integramos o nosso território nacional. Garantimos, firmemente, que nossas aeronaves estão sempre em condições ideais de operação e que a segurança, a transparência e a eficiência serão sempre nossas maiores prioridades.

 

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