MAIS DESENVOLVIMENTO

Com alta de 150%, cacau foi a commodity agrícola que mais encareceu em 2024

Em 2024, nenhuma commodity agrícola valorizou-se tanto quanto o cacauA crise na oferta e um movimento especulativo que poucas vezes se viu nesse mercado foram determinantes para a principal matéria-prima do chocolate acumular alta de 150% na bolsa de Nova York no ano passado, segundo o Valor Data, que faz os cálculos com base na cotação média dos contratos de segunda posição de entrega, papéis que geralmente são os mais líquidos.

Em dezembro, o valor médio dos contratos de segunda posição chegou a US$ 10.536 a tonelada, o que representou uma alta de 30,6%. No mês passado, o cacau atingiu seu maior valor de fechamento em Nova York na história: no dia 18, a amêndoa encerrou o dia a US$ 12.565.

Havia boas perspectivas para a safra 2024/25 (outubro a setembro) no oeste da África, que responde por cerca de 70% da produção de cacau do mundo, mas agora produtores e analistas preocupam-se com o potencial de colheita.

As chuvas em excesso, seguidas por um período de secas na região a partir de setembro, minaram as esperanças de que o ciclo de três temporadas de déficit consecutivas chegaria ao fim. A incerteza com o tamanho da safra tomou conta dos investidores, e as cotações dispararam desde então.

“Com o desencontro de informações sobre a safra africana, o mercado encontrou um ingrediente de muita força especulativa. O cacau, que no passado variava em torno de US$ 80 a cada sessão, agora chega a US$ 1 mil”, afirma Adilson Reis, analista especializado no mercado de cacau.

 

Os fundamentos atuais sugerem que o preço do cacau seguirá em alta, mas o especialista prevê ajustes nas cotações a partir do primeiro trimestre de 2025. “Com esse patamar de preço na bolsa, há um desequilíbrio na cadeia produtiva. As indústrias de chocolates estão se reinventando nesse momento de alta da cotação da matéria-prima. Ainda teremos preços elevados, mas creio em um ajuste nas cotações na casa entre US$ 7 mil e US$ 9 mil a tonelada”, diz.

Café

café também destacou-se em 2024, quando acumulou alta de 70,4%. Em dezembro, o preço do grão subiu 14,8%, para a média de US$ 3,1910 por libra-peso.

Problemas de oferta também puxaram a valorização do grão em Nova York. No Brasil, maior produtor de arábica do mundo, a estiagem de setembro deixou um ponto de interrogação entre os agentes sobre qual será o tamanho da safra em 2025/26.

Somaram-se a isso a frustração da colheita no Vietnã e também o impasse sobre a aplicação da lei antidesmatamento da União Europeia, que provocou uma corrida dos compradores pelo café brasileiro, segundo Antônio Pancieri Neto, da Clonal Corretora de Café. Ele acredita que o café seguirá em patamares elevados na bolsa, mas no momento não vê forças para os preços superarem o recorde de US$ 3,3415 a libra-peso, registrado em dezembro.

Suco de laranja

suco de laranja concentrado e congelado (FCOJ, na sigla em inglês), também avançou de forma expressiva na bolsa de Nova York em 2024, com valorização de 41,5% no ano e de 6% em dezembro. A cotação média chegou a US$ 4,9762 a libra-peso.

Algodão

Já o preço do algodão caiu 13,1% em 2024 e 1,4% em dezembro, quando a cotação média foi de 70,32 centavos de dólar por libra-peso, segundo o Valor Data.

Açúcar

Em 2024, o açúcar recuou 12,3%. Em dezembro, a cotação média recuou 6,2%, para 18,94 centavos de dólar por libra-peso.

Soja

Já na bolsa de Chicago, a perspectiva de boa produção de soja no Brasil e na Argentina pressionou as cotações do grão, que acumularam queda de 25,2% em 2024. Em dezembro, a soja caiu 1,4%, para US$ 9,8968 o bushel.

Para Luiz Fernando Pacheco, diretor da T&F Consultoria Agroeconômica, com a expectativa de que a produção do Brasil e Argentina produzam 20 milhões de toneladas a mais em 2024/25, a tendência é de que os preços sigam em queda neste ano. “O que está segurando uma queda mais acentuada dos preços são as indefinições sobre a política comercial de Donald Trump em relação à China”, avalia.

Trigo

trigo fechou o ano em queda de 11,71%. Em dezembro, o recuo foi de 2,69%, para a média de US$ 5,5419 o bushel.

Milho

milho, por fim, desvalorizou-se 7,94% no ano, mas acumulou alta de 2,69% em dezembro, para US$ 4,4735 o bushel, em média, segundo o Valor Data.

Luiz Fernando Pacheco, diretor da T&F, acredita que os preços dos grãos entraram em um novo ciclo em Chicago. “A pandemia e as guerras esticaram as altas dos grãos no cenário externo. Agora, o ‘efeito elástico’ está jogando os preços de soja, milho e trigo para baixo”, afirma.

Fonte: Globo Rural

Veja também