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Brasil teve ao menos 16 ataques em escolas nos últimos 20 anos; relembre casos

De acordo com um levantamento feito pelo Instituto Sou da Paz no final de novembro do ano passado, desde 2003 o Brasil registrou 11 episódios de ataques com armas de fogo em escolas brasileiras

Após ato ecumênico na quadra em homenagem às vítimas do massacre de Suzano, parentes, amigos e alunos realizaram um abraço coletivo no entorno da Escola Estadual Raul Brazil, em SuzanoWERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO/AE

O ataque à faca em uma escola estadual de São Paulo, nesta segunda-feira (27), no qual uma professora de 71 anos foi morta, marca ao menos o 16º caso em escolas brasileiras nos últimos 20 anos.

De acordo com um levantamento feito pelo Instituto Sou da Paz no final de novembro do ano passado, desde 2003 o Brasil registrou 11 episódios de ataques com armas de fogo em escolas brasileiras.

Além disso, a CNN levantou ao menos cinco episódios de violência no ambiente escolar – incluindo o desta segunda-feira – utilizando também outros tipos de arma, como facas.

Relembre abaixo os casos.

São Paulo/SP – março de 2023

Uma professora morreu, na manhã desta segunda-feira (27), após ser esfaqueada por um aluno em uma escola estadual na zona oeste de São Paulo.

A vítima era Elisabeth Tenreiro, de 71 anos. De acordo com o secretário de Segurança de São Paulo, Guilherme Derrite, outras três professoras e dois alunos foram vítimas deste episódio.

“Nós temos quatro professoras e dois alunos vítimas; das quatro professoras, a Elizabeth lamentavelmente faleceu. Nós temos três professoras, uma que sofreu alguns golpes, mas encontra-se estável, e as outras duas superficiais. Dos dois alunos, um estável, já atendido, e um outro garoto em estado de choque”, disse Derrite.

Imagens de câmera de segurança mostraram aluno de 13 anos atacando professora de 71 anos com faca.
Imagens de câmera de segurança mostraram aluno de 13 anos atacando professora de 71 anos com faca. / Reprodução

Ipaussu/SP – dezembro de 2022

Na noite do dia 14 de dezembro, um jovem de 22 anos invadiu uma escola do interior de Ipaussu (SP) após esfaquear duas pessoas e fazer outra de refém. Conforme detalhado no Boletim de Ocorrência, a motivação do crime foi vingança contra a diretora da escola, com quem o autor do crime teve problemas há dez anos.

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que as vítimas de esfaqueamento foram duas professoras, uma de 26 e outra de 43 anos. A violência ocorreu por volta das 20h, quando o homem armado com uma faca pulou o muro da escola procurando pela diretora.

Ao não a encontrar, o autor do crime feriu as duas professoras em diferentes partes do corpo, como braço e abdômen. De acordo com a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP), as servidoras atingidas foram socorridas pela equipe da escola e encaminhadas aos hospitais da região.

Aracruz/ES – novembro de 2022

Duas escolas na cidade de Aracruz, no Espírito Santo, sofreram ataques com armas de fogo na sexta-feira do dia 25 de novembro do ano passado. Quatro pessoas morreram e 10 ficaram feridas, segundo a prefeitura da cidade. A Polícia Civil, a Polícia Militar, o Corpo de Bombeiros e outros órgãos atuam no atendimento das vítimas.

A prefeitura de Aracruz confirmou o ataque em duas instituições de ensino, a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEFM) Primo Bitti e na escola particular Centro Educacional Praia de Coqueiral (CEPC), ambas no bairro Coqueiral.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do estado, o atirador conseguiu entrar na primeira escola, a EEFM Primo Bitti, após quebrar o cadeado do portão. Ele abriu fogo na sala dos professores, deixando duas professoras mortas e nove feridos.

O atirador prosseguiu para a segunda escola de carro, onde matou uma criança de 12 anos, e deixou duas pessoas feridas, ainda sem informação sobre a idade delas.

Em coletiva de imprensa, o governador Renato Casagrande disse que o autor dos ataques confessou ter cometido o crime em conversa com os pais e com a polícia. Ele não falou sobre sua motivação, mas disse ter planejado o ataque por cerca de dois anos.

Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEFM) Primo Bitti, em Aracruz, no Espírito Santo / Reprodução/ Google Maps

Sobral/CE – maio de 2022

Um aluno de 15 anos atirou em três estudantes de uma escola pública em Sobral, no Ceará, no dia 5 de outubro de 2022.

A arma de fogo usada estava registrada em nome de um CAC (colecionador, atirador desportivo e caçador), que, segundo a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) do estado, supostamente pertence a um familiar do jovem.

De acordo a Delegacia Municipal de Sobral, o aluno confessou durante depoimento que havia premeditado o ato após ser vítima de bullying. O crime aconteceu na Escola de Ensino Médio em Tempo Integral Professora Carmosina Ferreira Gomes, no bairro Sumaré.

As três vítimas atingidas pelos tiros foram encaminhadas à Santa Casa de Misericórdia de Sobral. Um deles não resistiu aos ferimentos e morreu. Os outros tiveram alta hospitalar.

Fachada da EEMTI Professora Carmosina Ferreira Gomes, no bairro Sumaré, em Sobral, no Ceará / Reprodução/Google Maps

São Paulo/SP – março de 2022

Uma estudante de 12 anos foi esfaqueada por um colega de classe no Colégio Floresta, zona leste de São Paulo, no dia 22 de março de 2022. Um colega de 11 anos que tentou protegê-la acabou ferido também.

O agressor era outro estudante, de 13 anos, e, segundo a polícia, disse que sofria bullying.

A estudante foi golpeada com faca ao menos 10 vezes e teve o pulmão perfurado, mas sobreviveu. O menino de 11 anos teve ferimentos leves.

Morro do Chapéu/BA – setembro de 2022

Um adolescente de 13 anos atacou a Escola Municipal Yeda Barradas Carneiro, onde estuda, na cidade de Morro do Chapéu, na Chapada Diamantina, na Bahia.

Na manhã do dia 27 de setembro do ano passado, ele ateou fogo no colégio e feriu a diretora com o uso de uma faca. O jovem foi apreendido pela Polícia Militar e respondeu por ato infracional análogo ao crime de lesão corporal leve.

Segundo informações da Polícia Civil baiana, o estudante entrou na escola e atirou explosivos caseiros do tipo coquetel molotov, que causaram as chamas. Em seguida, teria esfaqueado a coordenadora. Ninguém ficou ferido pelo contato com o fogo e a vítima foi encaminhada a exame de corpo de delito.

Cômodo da escola danificado pelo fogo. / Reprodução/Facebook

Barreiras/BA – setembro de 2022

Um estudante armado entrou na Escola Municipal Eurides Sant’Anna, no dia 26 de setembro, e atirou contra dois alunos na cidade de Barreiras, interior da Bahia. Uma aluna cadeirante, de 20 anos, morreu durante o ataque. Não há informações sobre a motivação do crime.

Saudades/SC – maio de 2021

Um jovem de 18 anos invadiu uma escola de ensino primário no município de Saudades, no oeste do estado de Santa Catarina, em 4 de maio de 2021.

Ele  matou três crianças e duas professoras. Segundo informações da Polícia Civil, ele portava um facão e golpeou alunos e professores ao entrar no local.

Outras três crianças e uma funcionária também ficaram feridas e foram encaminhadas ao hospital de Saudades.

Sepultamento das vítimas de ataque à creche em Saudades, em Santa Catarina (05.m
Sepultamento das vítimas de ataque à creche em Saudades, em Santa Catarina (05.mai.2021) / Foto: CNN Brasil

Caraí/MG – julho de 2019

No dia 7 de novembro de 2019, um aluno de 17 anos invadiu uma sala de aula da Escola Estadual Orlando TAvares no município mineiro de Caraí. Ele disparou e feriu dois estudantes.

Suzano/SP – março de 2019

Um ataque na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, na Grande São Paulo, deixou dez mortos, incluindo os dois atiradores, e 11 feridos.

Os autores do massacre, Luiz Henrique de Castro, de 25 anos, e G.T.M., de 17, eram ex-alunos da instituição.

Um dos atiradores acabou matando o comparsa e depois cometeu suicídio.

Após ato ecumênico na quadra em homenagem às vítimas do massacre de Suzano, parentes, amigos e alunos realizaram um abraço coletivo no entorno da Escola Estadual Raul Brazil, em Suzano
Após ato ecumênico na quadra em homenagem às vítimas do massacre de Suzano, parentes, amigos e alunos realizaram um abraço coletivo no entorno da Escola Estadual Raul Brazil, em Suzano / WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO/AE

Medianeira/PR – setembro de 2018

Um estudante de 15 anos do ensino médio pegou uma arma e atirou nos colegas em uma escola estadual da pacata cidade de Medianeira, a 60 quilômetros de Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná.

Tinha uma lista para livrar os amigos – no fim, dois acabaram baleados. O atentado aconteceu no Colégio Estadual João Manoel Mondrone. Segundo a polícia, o autor do ataque seria alvo de bullying na escola.

Goiânia/GO – outubro de 2017

Um adolescente de 14 anos matou a tiros dois colegas e feriu outros quatro em uma sala de aula do Colégio Goyases, em Goiânia em 20 de outubro de 2017.

Filho de policiais militares, ele usou a arma da mãe, que havia levado à escola particular escondida na mochila. Segundo a Polícia Civil, o rapaz sofria bullying e o crime foi premeditado.

Santa Rita/PB – abril de 2012

Dois jovens chegaram à Escola Estadual Enéas Carvalho, em Santa Rita (Região Metropolitana de João Pessoa), em uma moto e invadiram o pátio.

Eles usavam uniforme da escola. Um deles atirou contra um adolescente de 15 anos. O atirador disparou outras cinco vezes, atingindo duas garotas.

Uma delas, de 17 anos, foi baleada no braço direito. A outra, levou um tiro no pé esquerdo. De acordo com a polícia, o motivo do crime teria sido ciúme.

São Caetano do Sul/SP – setembro de 2011

Um estudante de apenas 10 anos atirou na professora e se matou em seguida na Escola Municipal Alcina Dantas Feijão, em São Caetano do Sul, no ABC paulista.

Ele usou uma arma do pai, um guarda civil municipal. De acordo com colegas e funcionários da escola ouvidos na época, o menino era muito estudioso, inteligente e calmo.

Ambulâncias e viaturas policiais vistas em frente à Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, na zona oeste do Rio de Janeiro, após tiroteio de Realengo.
Ambulâncias e viaturas policiais vistas em frente à Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, na zona oeste do Rio de Janeiro, após tiroteio de Realengo. / TASSO MARCELO/ESTADÃO CONTEÚDO/AE

Rio de Janeiro/RJ (Realengo) – abril de 2011

Considerado à época como o maior massacre em escolas brasileiras até então, a tragédia em Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro, deixou 12 crianças mortas.

O crime foi cometido por um ex-aluno de 23 anos que levou dois revólveres à Escola Municipal Tasso da Silveira e disparou contra os alunos, todos de 13 a 15 anos.

Depois de invadir duas salas de aula, ele foi atingido na barriga pela polícia e disparou um tiro na própria cabeça.

Movimentação policial diante da escola municipal Tasso da Silveira, na rua General Bernardino de Matos, em Realengo, na zona oeste do Rio de Janeiro
Movimentação policial diante da escola municipal Tasso da Silveira, na rua General Bernardino de Matos, em Realengo, na zona oeste do Rio de Janeiro / Estadão Conteúdo

Taíuva/SP – janeiro de 2003

Em 27 de janeiro, um estudante de 18 anos disparou 15 tiros contra cerca de 50 estudantes no pátio da Escola Estadual Coronel Benedito Ortiz, em Taiúva, interior do Estado. Ele usou a última bala do revólver calibre 38 para atirar na própria cabeça e morreu. O episódio não deixou vítimas fatais além do rapaz.

Publicado por Léo Lopes. Estadão Conteúdo contribuiu para esta reportagem.

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