De acordo com o presidente da Associação Brasileira dos Revendedores de Gás Liquefeito do Petróleo (Asmirg), Alexandre Borjaili, o preço do botijão de gás pode chegar a R$200 até o fim do ano.
Alexandre Borjaili explicou como esse aumento funciona na prática. “Esse é o quinto aumento só neste ano. A Petrobrás está aumentando em R$2,50 o equivalente a um botijão de 13kg.
Paralelamente, as companhias e distribuidoras estão aumentando em R$1,50 em função do ajuste de custo operacional. Então, a soma deste dois nos dá um aumento real, hoje, ao consumidor de R$4. Além disso, vem os aumentos do ICMS, que são impostos estaduais”, esclarece o presidente da Asmirg.
“Uma questão muito divulgada pelos nossos governos é que acabando com o imposto vai reduzir o preço do gás. Não acreditamos, O governo federal tirou a alíquota de PIS e Cofins e nenhum centavo chegou ao consumidor. O produtor hoje extorque a nação, vendendo um produto por um preço extremamente abusivo”, continuou Alexandre.
Mas não para por aí, o presidente ainda falou sobre os possíveis aumentos no preço do botijão até o fim do ano. “As revendas estão fechando em praticamente quase todos os Estados do Brasil. Mantemos a nossa previsão do gás chegar até o fim do ano entre R$150 e R$200. É o que estamos vendo. Não há governo ou agência de defesa do consumidor preocupados e empenhados em monitorar, reduzir ou estancar esse caos que gerou dentro do setor do gás de cozinha”, lamentou Alexandre.
E para quem se pergunta se o preço do gás vai cair, podemos dizer que o cenário não é tão animador assim.
Primeiro, temos que entender os fatores que determinam o preço do gás no Brasil. O economista e professor da FGV-RJ (Fundação Getulio Vargas) Mauro Rochlin conversou com o CNN Brasil Business para explicar a formação de preço do combustível.
O gás de cozinha ou encanado é um derivado do petróleo. Portanto, o preço do combustível fóssil é o principal fator para a formação de preço do botijão. E é aí que a coisa começa a ficar complicada.
O barril do petróleo Brent era negociado a US$ 72,40 nesta quinta-feira, muito próximo do patamar pré-pandemia –em 20 de maio de 2019, a cotação alcançou US$ 72,83. No período mais agudo da recente crise econômica, o preço do barril do Brent chegou a afundar para US$ 22,74.
Portanto, se o petróleo está mais caro, o gás na sua cozinha também ficará.
Ainda é preciso considerar que a commodity é negociada em dólares. Hoje, cada dólar vale cerca de R$ 5. É verdade que o real está se valorizando ante a moeda norte-americana, mas a alta do preço do petróleo vem anulando este que seria um fator positivo no preço do gás.
O governo interveio e zerou a alíquota de PIS e Cofins que incide sobre o gás de cozinha, mas a redução no preço não chegou ao consumidor porque as empresas aproveitaram para ter alguma margem de lucro.
“Muitas companhias já avisaram que, analisando a planilha de custos, não poderão repassar a queda do imposto, ou seja, a medida só vai ajudar a aumentar a lucratividade das distribuidoras”, disse, o presidente da Associação Brasileira dos Revendedores de Gás Liquefeito de Petróleo (Asmirg), Alexandre Borjaili.