Presidente criticou declaração do ex-ministro sobre normas que flexibilizaram acesso a armas
BRASÍLIA — O presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar o ex-ministro Sergio Moro nesta segunda-feira. Depois de passar seis minutos criticando Moro na transmissão que fez em suas redes sociais na última quinta-feira, o presidente voltou a criticar o ex-juiz para apoiadores nesta segunda-feira no Palácio da Alvorada.
O GLOBO revelou na última sexta-feira que, com a entrada de Moro na disputa presidencial, o presidente Bolsonaro e seus aliados escolheram o ex-ministro como alvo preferencial, com o temor de que Moro consiga roubar alguns dos eleitores de Bolsonaro.
Na conversa com apoiadores, Bolsonaro ironizou o slogan utilizado por Moro, “povo acima de tudo”. Segundo o presidente, seria uma cópia da frase que popularizou na campanha de 2018, “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”.
— Para copiar o meu, ele botou “o povo acima de tudo”. Esse não aguenta 10 segundos de debate — disse Bolsonaro.
O presidente criticou ainda o ex-ministro por causa de sua declaração de que poderia ter atuado mais contra as normas do governo que flexibilizaram a posse e o porte de arma.
— O Lula falou que vai recolher as armas. O Moro também falou que ele podia ser mais rígido, me peitar mais durante a questão das portarias de armamento dele. Como que o cara aceita trabalhar comigo sabendo que eu sou armamentista? Tinha que ter caráter. Era só falar: ‘Não me interessa trabalhar porque sou de esquerda’ — afirmou.
Na transmissão feita nas suas redes sociais na última quinta-feira, o presidente passou seis minutos ininterruptos criticando Moro e chegou a chamar o ex-juiz de “mentiroso deslavado”. Moro lançou um livro em que afirmou que Bolsonaro teria comemorado a decisão que soltou o ex-presidente Lula porque isso o beneficiaria politicamente.
Em conversas reservadas, o presidente tem reconhecido que o seu ex-ministro da Justiça e Segurança Pública pode lhe tirar votos preciosos durante as eleições em 2022. Bolsonaro, segundo o relato de pessoas próximas, diz que prefere acreditar que a repercussão em volta da pré-candidatura do ex-juiz da Operação Lava-Jato é o efeito natural da novidade de sua entrada na política e ainda aposta no arrefecimento da pré-campanha de Moro, que deve ser alvo de ataques constantes do presidente.
Fonte: O Globo