Houve clima de guerra, com apedrejamento ao ônibus tricolor, provocações e a pressão natural de um Barradão inteiramente rubro-negro. O Bahia sentiu, não jogou bem, mas se segurou e ainda marcou no segundo tempo para aumentar a vantagem conquistada ao vencer o jogo de ida por 2 a 1 e confirmar o 47º título baiano.
O triunfo por 1 a 0 significou ao Tricolor sua terceira taça erguida na Toca do Leão, a primeira com triunfo. Antes, havia celebrado mesmo com derrota (1 a 0) no Baianão de 1998 e com empate (2 a 2) na Copa do Nordeste de 2002.
Blitz inicial
Com apenas 15 segundos de bola rolando, o goleiro Douglas já teve que trabalhar. Pedro Botelhou laçou um lateral diretamente para a área e Neilton tocou de cabeça para o camisa 1 tricolor defender. Era o primeiro sinal de que o Vitória seria superior na primeira metade da partida.
A boa tentativa de longe de Vinicius, aos cinco minutos, foi um lance isolado. Representaram melhor o que foi a etapa inicial a blitz que o Leão exerceu logo depois. Aos 10, Marco Antônio entregou uma bola nos pés de Juninho, que avançou sozinho para abrir o placar. Douglas, porém, usou as pernas para salvar o time.
Um minuto mais tarde, o gol não saiu por milagre. Neilton cruzou e Nickson – que havia acabado de entrar no lugar do contundido Luan, uma das surpresas do técnico Vagner Mancini para o jogo – bateu de primeira. Douglas espalmou e, no rebote, Lucas Fonseca conseguiu tirar parcialmente. Mas a sobra ficou com Neilton, que bateu para nova intervenção de Douglas. Nickson ainda tentou aproveitar outro rebote, mas carimbou Léo.
Passado o gigante susto, o Bahia conseguiu respirar aliviado. Mas o time estava acuado, tímido. Parecia ter confundindo serenidade para administrar a vantagem com acomodação. O Vitória dominava amplamente o embate, com mais de 60% da posse da bola, entretanto, parou de criar boas chances e a partida se arrastou dessa maneira até os acréscimos.
Foi quando o Bahia teve sua única grande oportunidade no primeiro tempo. Nino achou Marco Antônio pela direita e ele cruzou rasteiro para Edigar, que tocou para Zé Rafael. O meia, até então apagado, arriscou de canhota e exigiu defesaça de Fernando Miguel.
Apesar da baixa produção ofensiva das duas equipes, houve de ponto positivo nos 45 minutos iniciais o comportamento dos atletas. Nenhum cartão amarelo foi mostrado e o juiz só apitou 10 faltas.
A leve melhora tricolor no fim da primeira etapa embalou a equipe para fazer o gol que encaminhou o título logo aos três minutos do segundo tempo. Zé Rafael tabelou com Marco Antônio, que deixou Zé em ótima situação com um lindo passe. Ele bateu e Fernando Miguel fez uma defesa espetacular, mas, no rebote, Elton marcou de cabeça. O tento aliado à lesão de Neilton, o melhor jogador de Leão, que acabou substituído aos 11 minutos, parecia ser o ponto final das emoções. E os bons chutes de Zé Rafael, aos 12 e aos 19, quase fecharam o caixão. Porém, o Vitória ainda tinha guardados os últimos suspiros.
Jonatas Belusso tentou três vezes, mas não conseguiu vencer o goleiro Douglas. Visto com desconfiança por parte da crítica e da torcida por algumas atuações irregulares, ele voltou a se destacar com grandes defesas em uma cabeçada, aos 26, e um chute de Belusso aos 36. Aos 33, a testada do atacante foi para fora.
Finalizadas as ameaças, chegou a hora de festejar na casa do inimigo, com a arquibancada quase vazia. Como é triste a torcida única! Mas os tricolores estão felizes mesmo assim.