MAIS DESENVOLVIMENTO

Adab e Seagri seguem juntas para evitar introdução da Monilíase do Cacaueiro

Foto: divulgação

A Bahia é um dos principais estados produtores de cacau do Brasil, juntamente com o Pará e o Espírito Santo. Em 2021, a entrega de amêndoas de cacau para a indústria moageira totalizou 140.928 toneladas, um aumento de 39,7% em relação ao ano de 2020, conforme dados AIPC, 2022. Em todo o estado são 72 mil propriedades distribuídas em mais de 10 territórios de identidade, inclusive nas regiões do Oeste e Semiárido, com uma área colhida de 420.060 hectares, de acordo com dados do IBGE, 2021. Para conhecer mais de perto a situação da fitossanidade do Território Litoral Sul, o diretor geral da Adab, Paulo Sérgio Luz e o chefe de gabinete da Secretaria de Agricultura, Thiago Viana, visitaram as instalações do escritório de Itabuna e receberam informações sobre o Projeto Fitossanitário de Prevenção à Monilíase do Cacaueiro. As produções de cacau e chocolate já fazem parte da história e da economia da Bahia, que preservam ainda 8% de remanescentes da Mata Atlântica no sistema cacau-cabruca.

Dando início à agenda que segue até esta sexta-feira (17), a engenheira agrônoma e fiscal estadual agropecuária da Adab, Catarina Mattos Sobrinho, apresentou um panorama dos trabalhos de vigilância e prevenção contra a Monilíase do Cacaueiro, cujo programa tem sido coordenado por ela desde 2008 na Bahia. Desde 2022 a Agência realizou inspeção e vigilância em 934 propriedades, totalizando 21.004 hectares, localizadas em 101 municípios. Em cada cidade as atividades foram centradas para a orientação dos produtores e trabalhadores sobre a prevenção e controle da praga.

Ainda conforme a coordenadora, houve uma ampliação da rede de multiplicadores em vigilância passiva, formando mais 120 técnicos da Bahiater, do SENAR e secretarias de agricultura municipais. Além disso, após um intenso trabalho de comunicação e marketing, a Adab alcançou mais de 739 mil contas no Instagram e Facebook. Outro aspecto salientado por Catarina Sobrinho foram as importantes parcerias com as agências de defesa  ADAPEC, do Tocantins e IDAF, do Espírito Santo. A fiscalização do trânsito de cacau e cupuaçu ganhou reforço nas blitzes educativas, principalmente nas rotas de risco: BA/TO, BA/GO, BA/PE, BA/ES. Um total de 3.200 pessoas foram atendidas em 170 eventos, como cursos, treinamentos, dia de campo, encontros, formação de multiplicadores, reuniões, palestras, entrevistas em rádio e TV, sites, blogs, jornais e contatos diretos.

Estudos econômicos apontam que as fazendas de cacau da região geram cerca de 200 mil empregos diretos e cada tonelada de amêndoa produzida gera 2,2 postos de trabalho, movimentando R$ 1,8 bilhão por ano. Segundo dados da Seagri, 70% do cacau produzido na Bahia é no sistema cabruca. Além de concentrar o processamento de 95% do cacau nacional, o estado destaca-se no segmento chocolate de origem, com mais de 100 marcas do produto no mercado, indicação geográfica e participação direta da Agricultura Familiar. “Diante de todo este cenário, o objetivo das ações, desde a criação do Projeto de Prevenção à Monilíase é evitar a entrada desta praga no Estado da Bahia, por meio de ações integradas de Defesa Vegetal, Educação Fitossanitária, Pesquisa e Assistência Técnica”, explicou Catarina Sobrinho. Causada pelo fungo Moniliophthoraroreri, a praga apresenta mecanismos eficazes de disseminação e sobrevivência, produz grande quantidade de esporos (pó branco), que se desprende facilmente dos frutos por muitos meses. “Por afetar apenas os frutos, as perdas na produção podem chegar até 100%, necessitando de medidas de controle para continuidade da produção”, alerta.  

No ano de 2021 foram confirmados focos de Monilíase no Brasil, localizados nos municípios de Cruzeiro do Sul e Mâncio Lima, no interior do Acre. Recentemente, no mês de novembro de 2022, novos focos foram detectados nos municípios fronteiriços de Tabatinga e Benjamim Constant, região do Alto Solimões, Amazonas, com a Colômbia e o Peru. “Mesmo com as medidas de controle que vêm sendo realizadas sob a coordenação do Ministério da Agricultura, a fim de evitar sua disseminação para áreas produtoras de cacau e cupuaçu no país, o risco da praga é alto, devido às linhas de tráfego aéreo, rodoviário e fluvial que interligam os estados do Acre e do Amazonas ao território nacional”, avaliou o chefe de gabinete da Seagri, Thiago Viana. “Daí a atenção especial ao Estado da Bahia, que faz divisa com oito estados da federação, possui importantes corredores fitossanitários, por onde escoa a produção nacional de cacau em direção ao parque moageiro instalado no município de Ilhéus e, recebe voos provenientes de países com ocorrência de Monilíase, além de ônibus oriundos da Região Norte do Brasil”, acrescentou Viana.

Atento às explicações, o diretor geral da Adab adiantou que a determinação do Governador Jerônimo Rodrigues é requalificar os postos fixos, renovar a frota e investir em equipamentos para impor maior celeridade às ações em campo. “Para enfrentar um risco de proporções tão impactantes é necessário reforçar a aprimorar os levantamentos para detecção de Monilíase, intensificar a fiscalização do trânsito vegetal e produtos de cacau e cupuaçu em rotas de risco de introdução da praga, além de massificar as ações de educação fitossanitária para conscientização dos setores da cadeia produtiva”, salientou Paulo Sérgio Luz. Segundo ele, os cursos de formação de multiplicadores para prevenção e controle da Monilíase do cacaueiro, as inspeções fitossanitárias em viveiros de mudas de cacau e o cadastramento de comerciantes de amêndoas de cacau também foram ações preventivas importantes para o Projeto Fitossanitário de Prevenção à Monilíase do Cacaueiro, primeiro do país a promover a vigilância contra a introdução da praga. O desafio, desde então, é manter a Bahia com o status de “Sem Ocorrência de Monilíase”.

Fonte: ADAB

Veja também