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Na Bahia, 400 mulheres foram diagnosticadas com câncer de tireoide em 2018

Visando conscientizar a população sobre as diversas doenças que podem surgir na tireoide, que se comemora, neste sábado, 25, o Dia Internacional da Tireoide. Este ano a campanha traz como tema “Tireoide e gestação”, justamente por ser uma região do corpo com número elevado de registro de doenças em mulheres.

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), na Bahia, somente em 2018, foram diagnosticados cerca de 90 casos de câncer da tireoide em homens e 400 casos em mulheres. Já de acordo com a Secretaria Saúde da Bahia (Sesab), no mesmo ano foram constatados 648 casos de problemas na tireoide, envolvendo câncer, hipertireoidismo e hipotireoidismo.

A tireoide é uma glândula em forma de borboleta que fica na parte da frente do pescoço, responsável por produzir o hormônio tireoidiano. Ele controla o funcionamento de todo organismo humano, ditando o seu ritmo.

De acordo com o médico especializado em cirurgia de cabeça e pescoço do Hospital Português e da Clínica Clivale Marcus Borba, os distúrbios da tireoide começam a surgir quando uma pessoa começa a produzir hormônios em excesso (hipertireoidismo), levando a um aumento do metabolismo, ou quando começa a produzir em quantidade menor (hipotireoidismo), deixando organismo com seu ritmo de funcionamento mais lento.

Essas alterações na glândula podem causar, também, caroços na região do pescoço, conhecidos como nódulos. A maioria se trata de nódulos benignos. Apenas 5 a 10% dos nódulos são câncer.

Causas e sintomas

Segundo Borba, antigamente os aumentos do volume da glândula aconteciam por deficiência na ingestão de iodo. Hoje em dia isso é raro, pois há iodo no sal de cozinha.

“As alterações da produção de hormônios ocorrem por doenças chamadas auto imunes, que acontecem quando o organismo produz substâncias contra ele mesmo, causando tireoidites que resultam em aumento dos hormônios, inicialmente, e depois redução da produção dos hormônios”, explica o cirurgião de cabeça e pescoço.

Já o câncer da tireoide tem como fatores de risco identificados as alterações genéticas causadas, por exemplo, pela exposição a radioatividade em excesso, como nos acidentes nucleares, ou um tempo após tratamentos por radioterapia na região do pescoço.

“Sendo assim, pessoas que fizeram esse tratamento, ou residiam em locais de acidentes nucleares, assim como parentes de primeiro grau de pessoas que tiveram câncer de tireoide, têm um risco um pouco mais elevado de ter o problema”, finaliza Borba.

Os sintomas de hiperfunção da tireoide são palpitações, insônia, agitação, diarreia, perda de peso, entre outros. Já os sintomas de hipotireoidismo são, normalmente, o contrário daqueles do hipertireoidismo.

É importante prestar atenção porque no início os nódulos, e o próprio câncer da tireoide, podem não causar nenhum sintoma. Quando aumentam de tamanho podem levar a incômodo para engolir, alterações na voz, incomodar esteticamente e até causar falta de ar.

Em 2018 a Bahia registrou 90 casos de câncer na tireoide em homens e 400 em mulheres

Segundo pesquisa do Instituto Nacional do Câncer (Inca)

Como aconteceu com Kayna Silveira, que descobriu o câncer da tireoide (carcinoma papilifero) em novembro de 2014, quando já estava em fase de metástase para a região da cervical.

“O câncer não apresentou sintoma nenhum por muito tempo. Só descobri depois de ficar preocupada após aparecer caroços na região do pescoço e minha voz ficar muito rouca”, diz Kayna.

Gestação

Nas mulheres a situação se agrava quando apresentam distúrbios da tireoide durante a de levar a crescimento mais rápido de nódulos e tumores malignos, em alguns casos.

Além disso, tanto a falta como o excesso do hormônio podem fazer mal para a gestante e precisam ser controlados. O câncer de tireoide geralmente tem crescimento lento e o fim da gestação pode ser esperado para o tratamento definitivo cirúrgico, desde que acompanhada de perto pelo especialista.

Tratamento

Segundo o obstetra Livius Ribas, o hipertireoidismo é menos frequente e possui um tratamento mais complexo em relação às gestantes que apresentam hipotireoidismo.

Para grávidas, o tratamento necessário para o hipertireoidismo envolve uso de medicações que podem trazer algum risco de malformações fetais, especialmente na fase entre 6 e 10 semanas de gestação, e, se não tratado adequadamente, eleva o risco cardiovascular da gestante, podendo ocorrer arritmias graves e hipertensão severa.

O hipotireoidismo possui um tratamento mais simples, que envolve apenas a reposição, em doses individualizadas, de hormônios, que não traz maiores riscos para o feto.

Já para homens e mulheres não gestantes, a hiperfunção pode ser tratada com medicação e, quando esta não funciona, pode-se usar iodo radioativo ou cirurgia. Os nódulos malignos e os suspeitos para câncer são tratados com cirurgia e, às vezes, complementado com Iodo radioativo.

Para tratar do câncer Kayna Silveira precisou passar, em janeiro de 2015, pela cirurgia de retirada dos nódulos cancerígenos na tireoide e da metástase, além de aliar o tratamento com iodo radioativo.

“Se eu tivesse feito uma ultrassom da tireoide antes, solicitado até mesmo por um outro médico, como ginecologista ou endócrino, talvez tivesse descoberto o problema antes. Então, mesmo que o médico não solicite, peça uma ultrassom na região da tireoide porque é muito importante. Às vezes a gente tem o nódulo e não sabe, então é muito melhor prevenir”, aconselha Kayna.

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