Salvador registrou, apenas no Carnaval 2017, 161 casos de sífilis diagnosticados por meio de ações da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) e 235 nos postos da Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab). O número é bastante expressivo, inclusive quando comparado aos casos de HIV identificados no mesmo período: 36 e 48, respectivamente.
De acordo com o infectologista Robson Reis, a explicação para esse fenômeno é bastante simples. Apesar do contágio similar – via relação sexual ou transmissão vertical, da mãe para o bebê intraútero –, a transmissão da sífilis é muito mais comum, por ser uma doença bacteriana. “A sífilis é uma doença muito mais fácil de ser transmitida do que o vírus HIV. E ainda bem, no sentido que o HIV tem uma morbidade maior e uma taxa de complicações muito maior do que a sífilis”, afirmou.
A sífilis é causada pela bactéria Treponema pallidum e apresenta três fases com diferentes sintomas: na primária, surgem lesões na região genital; na secundária, são identificadas manchas no corpo, principalmente nas palmas das mãos e plantas dos pés; e, na terciária, podem surgir lesões ósseas, cardiovasculares e neurológicas.
Apesar da possibilidade de morte, a sífilis é facilmente tratada e tem cura (diferente do HIV), com a aplicação de penicilina benzatina. Os custos do tratamento também são bem diferentes ao se comparar as duas doenças sexualmente transmissíveis. “Os custos de tratamento com HIV são muito grandes. Por mês, podem variar de R$ 1,5 mil reais a R$ 5 mil. O tratamento do paciente com sífilis é a penicilina benzatina, que custa R$ 20. O impacto para o paciente com HIV é muito maior, seja com relação ao preconceito, a possíveis complicações para o paciente ou ao tratamento”, disse Reis.
Ainda assim, o infectologista alertou que todas essas questões não devem reduzir a preocupação com relação à sífilis. Assim como o HIV, a doença pode ser prevenida com o uso de preservativo durante as relações sexuais. (por Renata Farias – BN)